Dois anos após o desaparecimento de Ana Sophia, de 8 anos, em Bananeiras, a família da menina ainda luta por respostas. Com o inquérito arquivado após a morte do principal suspeito, Tiago Fontes, os pais pedem a reabertura das investigações. Eles alegam que fatos importantes não foram analisados e que existem pistas e testemunhos que precisam ser revistos.
O corpo da criança nunca foi encontrado, e o sentimento de dor permanece.
“Tiago Fontes está morto, a família dele sepultou. E eu? Nunca pude enterrar minha filha”, desabafa a mãe, Maria do Socorro.
Segundo os advogados da família, várias linhas de investigação deixaram de ser seguidas. Eles pedem que a Polícia Civil reanalise o caso, inclusive com novas oitivas de testemunhas.
A Polícia, no entanto, sustenta que o caso foi elucidado. A investigação apontou que Ana Sophia foi morta em um crime premeditado, com motivação sexual, e que Tiago agiu sozinho. O inquérito reuniu provas periciais, testemunhais e digitais. O relatório foi aceito pelo Ministério Público da Paraíba, que solicitou o arquivamento.
Agora, o MP vai avaliar o pedido dos pais e decidir se há justificativas para a reabertura do caso. A decisão final será da Justiça.
🔍 O desaparecimento
Ana Sophia desapareceu no dia 4 de julho de 2022, por volta das 12h, ao sair de casa para visitar uma amiga no Distrito de Roma, em Bananeiras. Ao chegar na casa da colega, descobriu que ela não estava e resolveu voltar.
Imagens de uma câmera de segurança registraram a menina passando pela calçada de um mercadinho às 12h36. Cerca de 150 metros à frente, um vulto foi flagrado entrando em uma residência. A perícia concluiu que as medidas correspondiam às da criança, e o local era a casa de Tiago Fontes.
Essas foram as últimas imagens conhecidas da menina em vida.
⚠️ A investigação
O delegado Aldrovilli Grisi informou que a família de Ana Sophia morava em uma casa alugada pelo sogro de Tiago, que vivia em frente. O suspeito tinha acesso à rotina da família e frequentava o local.
Buscas no celular de Tiago revelaram pesquisas como “decomposição do corpo humano”, “fases de putrefação”, “como matar uma criança por asfixia” e “quanto tempo um fio de cabelo mantém DNA”. Também foram encontradas buscas sobre o caso da menina Júlia, assassinada na Praia do Sol.
Segundo a polícia, ele começou a planejar o crime quatro meses antes do desaparecimento. Depoimentos e comportamentos suspeitos reforçaram essa tese. No dia do crime, Tiago teria lavado o quintal e usado uma rota diferente para sair de casa, além de alterar a rotina de trabalho.
Durante os interrogatórios, o suspeito chegou a dar indícios de que poderia confessar o crime, mas recuou.
“Ele dizia: ‘eu não tenho o corpo’. Tentou se colocar como vítima, mas a única vítima foi Ana Sophia”, declarou o delegado.
🔎 A morte do suspeito
Tiago Fontes desapareceu em setembro de 2023, após uma vistoria da polícia em sua casa. Dois meses depois, seu corpo foi encontrado em uma área de mata em Bananeiras, em avançado estado de decomposição. Ao lado, havia uma garrafa de bebida alcoólica e uma cama improvisada de capim.
A polícia concluiu que ele cometeu "autoeliminação", sem sinais de violência externa.
💬 A dor que não passa
A família da menina afirma que não conseguiu seguir em frente sem ao menos um sepultamento digno.
“O que mata é não saber o que aconteceu. Não pude enterrar minha filha”, disse a mãe.
No Distrito de Roma, o clima ainda é de tristeza. Moradores como o empresário Washington Araújo e a vizinha Severina Cardoso lembram da menina com carinho.
“Ela vinha comprar pão aqui com as primas. Era muito querida. Ficou esse vazio”, relatou o comerciante.
Agora, os pais de Ana Sophia aguardam uma nova chance de ver o caso investigado com mais profundidade, na esperança de que, um dia, a verdade completa venha à tona.
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